RELATÓRIO:
INSERÇÃO GRUPO 4/3
Iniciamos o ano letivo
de 2020 com a inserção das crianças ao ambiente escolar, para que esse período fosse menos traumático,
usamos estratégias lúdicas como brincadeiras livres possibilitando à criança
uma liberdade para se sentir acolhida na escola. Esse processo durou em torno
de 10 dias letivos, entre 11 a 15 de fevereiro, levando em consideração a
individualidade de cada criança e respeitando o tempo de cada um. Neste
sentido:
Acolher uma criança é, também, acolher o mundo
interno da criança, as suas expectativas, os seus planos, as suas hipóteses e
as suas ilusões. Significa não deixar passar, como se fosse tempo inútil, o
tempo que a criança dedica as atividades simbólicas e lúdicas, ou o tempo
empregado para tecer as relações “escondidas” com outras crianças. (STACCIOLI,
2013, P. 28
No período de inserção
houve troca de professora auxiliar, havendo a necessidade de adaptar uma nova
rotina, de maneira que as crianças se sentissem confortáveis e acolhidas. Esse
processo ocorreu naturalmente e com grande aceitação das crianças.
As atividades
realizadas até então estavam dentro do projeto pedagógico proposto: O MÁGICO
MUNDO DAS DESCOBERTAS, inspirado nas teorias do pedagogo Loris Malaguzzi que
tem como prioridade o interesse da criança para a descoberta do mundo em que
vive, valorizando a natureza e o saber de cada educando, tornando a criança
protagonista no processo de aquisição e construção do conhecimento, levando em
conta as cem linguagens da criança. Em outras palavras:
Desse
modo, vieram a
adotar uma perspectiva
social construtora, na
qual o
conhecimento
é visto como
parte de um
contexto dentro de
um processo de
produção de significados em encontros contínuos com
os outros e com o mundo, e
a criança e o educador são compreendidos como
coconstrutores do conhecimento
e da cultura (DAHLBERG; MOSS, 2012, p. 27-28)
Levando em consideração
as pesquisas e estudos realizados para a construção do projeto de sala, as atividades
com água, areia, cesto dos tesouros e cuidados com a horta tornaram as aulas
mais divertidas e interessantes, as crianças demonstraram grande interesse e
concentração durante essas atividades.
No
dia 18 de fevereiro realizamos atividades com água, onde proporcionamos um
momento de interação, diversão e muita imaginação. As crianças tiveram a
disposição, várias vasilhas com água e outros brinquedos que possibilitaram um
momento de muita diversão e descobertas.
Com intenção de
trabalhar a oralidade e a expressão corporal lançamos mão de atividades com canções
infantis, pois a música também possibilita a interação
com o mundo adulto dos pais, avós e outras fontes como: televisão e rádio, que
rodeiam o dia a dia das crianças, que vem formar um repertório inicial no seu
universo sonoro. Brincando fazem demonstrações espontâneas, quando em família
ou por intervenção do professor na escola, possibilitando a familiarização da
criança com a música. Em muitas situações do seu convívio social, elas vivem ou
entram em contato com a música. Em relação a isso o RCNEI explica que:
“O ambiente sonoro, assim como presença da
música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês,
e crianças iniciem seu processo de musicalização de forma intuitiva. Adultos
cantam melodias curtas, cantigas de ninar, fazem brincadeiras cantadas, com
rimas parlendas, reconhecendo o fascínio que tais jogos exercem”. (Brasil,
1998. p.51)
No dia 19 de fevereiro
organizamos momentos para cantar com as crianças, uma das músicas favoritas da
turma é “pula pulguinha” a qual foi feito registro por vídeo. Um momento de
grande interação e muita alegria.
Na intenção de
proporcionar às crianças uma nova vivencia lúdica com materiais diferenciados,
estimular o reconhecimento das cores e experimentar novas sensações, no dia 20
de fevereiro proporcionamos um momento para que as crianças pudessem usar a
imaginação e brincar com areia na cor verde , pois para Delorme (2012) é nos
momentos de brincadeira que as crianças podem nos informar como elas são o que
elas acreditam e vivenciam juntamente com os adultos que as cercam e
principalmente como elas entendem o mundo ao seu redor.
Tendo como objetivo
valorizar a cultura popular brasileira, no dia 21 de fevereiro foi realizada uma
festa a fantasia como atividade coletiva envolvendo todos os grupos da escola,
onde o elemento que mais contou nesse momento foi o meio de comunicação e
interação entre as crianças e professores, além de desenvolver a percepção
auditiva e rítmica, expressar a criatividade por meio de atividades artísticas,
reconhecer as manifestações do carnaval como parte importante da cultura e
tradição brasileira e trabalhar a expressão corporal. Além disso, ajuda na
construção de identidades, do senso de coletividade e de pertencimento.
Segundo Culler (1999,
p. 51), “a razão para estudar a cultura popular é entrar em contato com o que é
importante para as vidas das pessoas comuns”. Segundo o autor, deve-se
enveredar pela cultura popular buscando sempre uma expressão autêntica de
valor.
Levando em consideração
a importância de a criança estar em contato com a natureza, foi dada
continuidade a nossa horta na escola, visando o incentivo a uma boa alimentação
e ao contato com a terra. No dia 27 de fevereiro levamos as crianças para
cuidar da hortinha que fizemos, onde pudemos colher as cenouras e os chás de
hortelã e poejo que plantamos no ano de 2019.
Os momentos de cuidar
da horta são momentos de grande alegria para a turma, todos participam com
muito entusiasmo.
Buscando
priorizar o protagonismo da criança para o planejamento e realização das
atividades, no dia 28 de fevereiro organizamos o ambiente para que as crianças pudessem
explorar diferentes objetos, odores e texturas. Nesse sentido levamos para a sala
de aula pedrinhas, potes, galhos de hortelã, poejo e alecrim. Pois o brincar com materiais não
estruturados possibilita o desenvolvimento da inteligência, a oportunidade da
criança explorar suas habilidades e que tem relações com aprendizagens já
consolidadas.
Durante o tempo
em que as crianças ficaram livres para se apropriar dos objetos expostos, houve
grande interação, concentração e interesse pelo mesmo. Todos usufruíram dos
objetos dando novos sentidos para todos. Foi uma experiência válida e muito
interessante, os educandos puderam fazer novas descobertas e usar a imaginação
durante o período que puderam brincar.
Segundo Borba (2007) a criança quando
brinca está aprendendo alguma coisa, não é algo utópico e nem menos importante,
pois a dimensão do brincar na vida da criança tem um significado de
aprendizagem, relevante para seu desenvolvimento, para seu corpo (físico), para
seu cognitivo (pensamento) e ainda para seu processo de conhecimento que
favorecem a autonomia e a identidade nessa etapa da infância.
Levando em consideração
a importância de a criança ter momentos em que possa relaxar, no dia 2 de março
permitimos que o grupo assistisse ao filme da masha e ao urso. Os educandos
gostam muito desse filme e há grande concentração e relaxamento quando estão
assistindo. Com base nisso, desenhos animados criados com uma linguagem
essencialmente lúdica (cores, movimento, musicalidade, temática e
temporalidade) e de fácil compreensão, acabam absorvendo maior atenção dessa
faixa etária, constituindo não apenas como fonte de entretenimento, mas ao
mesmo tempo, influenciando na educação e no desenvolvimento infantil.
Pensando em um planejamento que trouxesse para a sala de
aula atividades lúdicas e interessantes, no dia 3 de março oferecemos para o
grupo uma experiência com o brincar livre usando o cesto dos tesouros. Dentro
do cesto foi colocado objetos do cotidiano das crianças, porem diferente dos
brinquedos habituais que há em sala. Os objetos colocados foram pregadores de
roupas, colheres, conchas, pegador de macarrão, caixa de ovo, copos medidores,
coadores, funil, pratos de plástico e potinhos de kinder ovo. Os educando
ficaram encantados com os objetos, foi um momento de muita imaginação e
brincadeiras, deixamos que explorassem livremente cada objeto, recriando uma
nova maneira de utilizá-los.
A
atividade teve como intenção permitir
aos educandos um momento de adquirir habilidades e usar a imaginação através de
brincadeiras lúdicas ampliando a capacidade de expressão e o conhecimento que
têm do mundo, estimulando a coordenação motora para que as crianças consigam
sentir e visualizar o que eles mesmos conseguem criar e compreender o abstrato
através do palpável. ANTUNES (2004, p.31) relata que: “Brincando a criança
desenvolve a imaginação, fundamenta afetos, explora habilidades e, na medida em
que assume múltiplos papéis, fecunda competências cognitivas e interativas”.
Tendo em mente a
importância de incentivar a criança à leitura, no dia 4 de
março realizamos um momento de contação de histórias. Pois Abramovich (1997) ressalta a
importância de contar historias para crianças, de forma que escutá-las é um
precedente para a formação de leitor, além de incitar seu imaginário para
responder tantas questões existentes no mundo da criança.
Durante
o momento das historias, o grupo expressou seus desejos escolhendo as historias
que gostariam de ouvir. Entre as histórias contadas nesse dia estavam:
cachinhos dourados e os três ursos, três porquinhos e chapeuzinho vermelho utilizamos
livros e fantoches para instigar a imaginação do grupo que interagiu
positivamente, despertando a curiosidade das crianças.
Os momentos de
atividades com elementos da natureza como a terra estimulam a curiosidade
infantil, esta aguça a investigação para conhecer o interior das coisas, aquilo
que se encontra no oculto. Aqui surge as brincadeiras de cavar buracos
profundos ou até brincadeiras com potinhos para fazer o faz de conta ou então
entre tantas outras imaginações infantil. Segundo Rinaldi, (2014, p. 16) “As
escolas são ambientes organizados que oferecem ao ser humano um espaço de vida.
[...] lugares envolventes para crianças e adultos, acolhendo-os numa rede de
relações em um campo de possibilidades criativas de expressão e de comunicações
múltiplas”.
Levando
em consideração os expostos acima, organizamos o ambiente para que o grupo
pudesse explorar as múltiplas possibilidades se utilizando dos meios naturais
para a construção do conhecimento de maneira lúdica e interessante. Colocamos a
disposição das crianças matérias como: água, terra, pedrinhas, galhos de
arvores, folhas, potes e colheres, com a intenção de permitir um momento de
descobertas e aprendizado tendo a brincadeira como aliada nesse processo.
Sabemos da importância das brincadeiras como correr, pular, trepar, ECT, tem para as crianças, planejamos momentos livres para que o grupo pudesse explorar os brinquedos disponíveis no parque da unidade. Pois sabemos que os espaços dentro das escolas são estabelecidos para propiciar o desenvolvimento integral da criança incluindo relacionamentos e interações de todos, adultos ou crianças, o bem-estar de todos que passam algum tempo na escola é levado em conta na hora que se pensa sobre os ambientes como o parquinho. Nesse sentido, no dia 9 de março, deixamos as crianças livres para explorar esse ambiente escolar.
Seguindo o planejamento de acordo com o projeto de sala e levando em consideração a importância do contato com os elementos da natureza, no dia 10 de março proporcionamos para as crianças, brincadeiras com água que remetem à importante memória intra-uterina. Afinal trata do primeiro elemento com o qual a criança teve contato durante o período gestacional. Brincar com água rapidamente vira festa cheia de alegria pelas crianças. São assim as brincadeiras com bacias/potes, enchendo-os e esvaziando incansavelmente, pisar em poças d’água ou tentar transpô-las com grandes pulos é unanimidade entre crianças e de grande importância e relaxamento para os pequenos.
Com base no projeto de sala, dia 11 de março, sugerimos às crianças o uso da massinha, esta por sua vez é uma das mais atividades pedidas por eles, oportuniza o faz de conta, recria a realidade usando sistemas simbólicos, além da atenção e concentração permitindo ainda que tenham um maior contato com os sentidos, principalmente em relação ao tato e à visão bem como o desenvolvimento da coordenação motora fina. Esta atividade teve grande interesse e participação por parte do grupo, na qual ficaram envolvidos em suas criações por um período de uma hora.
Na
busca por novas experiências que ofereçam condições aos educando de fazer uma
releitura, enriquecer seus repertórios e descobrir o mundo em que estão
inseridos, no dia 12 de março levamos para o grupo uma proposta de pintura
diferente da que as crianças estavam habituadas.
Utilizamos como material a serem coloridas, algumas
pinhas, por ser um elemento natural, este foi explorado pelas crianças na
pintura, autonomia e coordenação. Nesse dia exploramos a textura, formas e
cores, ampliando o repertorio de conhecimento das crianças trabalhando as
sensações e tato. Esta atividade teve como objetivo junto com as professoras a
decoração de um móbile para a sala do grupo. Pois com um planejamento
diferenciado é que a escola será: “ […]
um lugar de ser, de sentir, um lugar de conhecer, um lugar de descobrir, um
lugar de encantar,(...) um lugar de compartilhar (…) um tempo de tudo (…) um
pequeno grande mundo, onde dimensões múltiplas se mesclam.” (REDIN, 2007, p.17,
apud, REDIN, 2002, p.136 – 137.).
Buscando
valorizar a importância do brincar e utilizar a imaginação como ferramenta
pedagógica, no dia 13 de março finalizamos a semana com a pintura facial,
desenvolvendo a imaginação de forma lúdica e fazendo as crianças assumirem
papeis, usando a criatividade e tornando um momento de diversão com as
professoras e os colegas. Foi um momento bastante divertido e cheio de
imaginação, onde as crianças deixaram fluir a essência da infância como parte
indispensável do aprendizado.